Serviços continuam pressionando o IPCA, avalia Quest Investimentos


SÃO PAULO- O Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) apresenta taxa tranquila e abaixo da previsão do mercado, mas a parte de serviços acelerou e houve intensificação das diferenças entre tradables [os bens comercializáveis, incluindo alimentos, bens semiduráveis e duráveis] e non tradables [não comercializáveis, que englobam comércio e serviços], avalia Fabio Ramos, da Quest Investimentos.


O IPCA-15 desacelerou de 0,23% em junho para 0,10% em julho, conforme divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ramos esperava alta de 0,15%.’Os serviços no conceito do Banco Central, que excluem refeições, bateram em quase 9% em 12 meses, uma taxa bastante salgada’, diz o economista, para quem é impossível dissociar o aumento expressivo de serviços da Pesquisa Mensal do Emprego, divulgada ontem pelo IBGE, que mostra taxa de desemprego de 6,2% em junho.


‘Isso é reflexo de um mercado de trabalho ainda aquecido e, mesmo que não haja geração de vagas, o desemprego está em seu nível mínimo, o que, aliado a uma inflação passada muito elevada, explica as fortes pressões em serviços’.Segundo Ramos, o que está segurando o IPCA é a parte de produtos não duráveis, como alimentos, e duráveis administrados, como combustíveis. Além deles, o analista destaca o grupo vestuário, que desacelerou de 1,28% para 0,15% entre a primeira quinzena de junho e mesmo período de junho.


O algodão chegou a subir mais de 200% e devolveu praticamente tudo’, explica. ‘O item vestuário desacelerou muito rápido. As altas foram além da sazonalidade nas trocas de coleção por conta do algodão e, agora, já está perto de zero’, observa.Para o fim do mês, o analista da Quest espera taxa de 0,20% para o IPCA, acima do apurado em junho (0,15%). No fim do ano, a Quest projeta que o indicador acumule alta de 6,2%. ‘Mantidos os preços das commodities, o IPCA não estoura o teto da meta, o que acaba sendo um alívio para o governo’, afirma Ramos.

Fonte: Valor Econômico – 20/07/2011